Em 2013, o ocidente foi agraciado com o jogo Ni no Kuni: Wrath of the White Witch, fruto de uma parceria da Level-5 com o Studio Ghibli. O jogo foi lançado originalmente em 2011 no Japão, mas atingiu grande impacto ao chegar no ocidente.

Em 2018, tivemos o lançamento de uma continuação chamada Ni no Kuni II: Revenant Kingdom, e é sobre ela que vamos nos debruçar aqui. Embora a parceria com o tradicional estúdio de animação japonesa não tenha acontecido de forma oficial, vários artistas que trabalharam no Ghibli (e no primeiro título da franquia) retornam e imprimem no jogo seu traço de altíssima qualidade!

Arte vibrante e um mundo mágico

Ni no Kuni II é um jogo que exala uma vida fantástica em todos os seus aspectos artísticos. Sua música é profunda e ressoa constantemente como um chamado à aventura e à descoberta. As cores são vivas e vibrantes, associadas ao traço e estilo característicos do Studio Ghibli.

Apesar de alguns jogadores mais velhos considerarem a arte do jogo infantilizada demais, todas as escolhas artísticas são condizentes entre si e com a narrativa. Essa consistência temática faz com que, em alguns momentos, tenhamos a sensação de que estamos a jogar um anime. E não qualquer anime, afinal tudo ali transpira notas de Miyazaki.

O título te inspira as mesmas sensações de fascínio e incerteza que filmes como A Viagem de Chihiro e O Castelo no Céu, enquanto te garante uma camada nova de e interesse ao lhe permitir interagir com um universo lindamente desenhado.

A história de Ni no Kuni II

Todas essas escolhas estilísticas são consoantes com uma narrativa lúdica que é apresentada de uma forma leve para o jogador. Ni no Kuni II você acompanhará a história de Evan Pettiwhisker Tildrum em sua jornada para se tornar rei.

Acompanhado por Roland, o presidente de algum país do mundo real que foi transportado para o mundo mágico de Ni no Kuni, Evan deve se esforçar para desenvolver seu reinado após sofrer um golpe de estado por parte dos conselheiros de seu falecido pai.

Destituído de seu trono, você guiará Evan pelo mundo e, com ele, fundará um reino onde todos possam ser felizes. Para isso você enfrentará uma longa aventura, recrutando membros para sua party e obtendo cidadãos para o seu país. No seu caminho para unificar todos os reinos do mundo, você encontrará calabouços inexplorados, monstros (nem tão obstinados assim) e os mais variados tipos de quebra-cabeças.

Apesar de não aprofundar todos os seus personagens, toda a rica atmosfera de Ni no Kuni te guiará por uma jornada que vai te fazer refletir sobre o que é ser um bom líder e o que torna um governante virtuoso. Esta é uma história típica de J-RPG sobre como salvar o mundo e fazer justiça, mas seu contato direto com o protagonista, ao longo de toda a sua evolução, te faz perceber quão forte cada um deve se tornar para enfrentar seus próprios fardos.

Jogabilidade: interagindo com esse lindo mundo de anime!

Ni no Kuni II é um J-RPG com batalhas em tempo real. Quando você navega o mapa do mundo, ao encontrar com um inimigo, ocorre uma transição de tela para uma arena onde você batalha com esse inimigo. Ao encontrar um inimigo enquanto atravessa um espaço fechado como um calabouço, a batalha ocorre sem transição.

Durante as batalhas, você pode trocar entre três armas principais, além de uma arma secundária de longa distância. Em cada luta participam seu personagem principal e mais dois membros da sua party, além dos Higgledies (pequenos mascotes colecionáveis com várias funções diferentes).

Além desses combates, o jogo apresenta escaramuças em larga escala, num minigame em que você controla tropas de um exército e enfrenta os inimigos em campo aberto. O jogo ainda apresenta quebra-cabeças bem elaborados ao longo da sua história principal e um modo de gerenciamento do seu reino.

No desenvolvimento de Ni no Kuni II, a Level-5 jogou de forma segura. Seus sistemas são bem polidos e os gráficos são surpreendentes, e o produto final é um jogo bem acessível. O jogo apresenta, de forma bem tradicional, vários tutoriais para as suas diferentes mecânicas, e não depende do título anterior da série para ser aproveitado.

No entanto, o jogo não oferece mecanismos para uma navegação mais rápida, então parte da locomoção pode se tornar monótona para quem quer completar tudo o que o jogo oferece. Ni no Kuni II também não apresenta muitos desafios, e sua batalha é essencialmente fácil. Com exceção de alguns chefes (e de inimigos muito acima do seu nível), o título não apresenta grandes desafios. Existem, inclusive, jogadores que recomendam não melhorar os equipamentos dos personagens para ter uma experiência mais desafiadora.

Veredito

Prós:

  • Jogo extremamente responsivo;
  • Arte visual e sonora da mais alta qualidade;
  • Universo rico e instigante.

Contras:

  • Dificuldade baixa demais em vários momentos;
  • Em vários momentos, o jogo pode parecer muito lento, comprometendo a exploração;
  • O jogo pode se prolongar por muito tempo usando mecanismos muito repetitivos.

Conclusão:

Apesar de não ser uma obra muito apelativa para os jogadores mais hardcore, Ni no Kuni é um jogo extremamente bem afinado, que apresenta tudo o que nos fez gostar de J-RPGs clássicos. Sua narrativa é simples, mas eficiente. Seu mundo é colorido e vibrante, mas é capaz de abordar temas delicados e profundos. Embora não tenha uma elevada dificuldade, o jogo pode te manter por dezenas de horas de forma prazerosa.

Notas

  • Gameplay: 7
  • Visual: 10
  • Continuidade: 8
  • Nota final: 8,5