Atenção: Essa é uma matéria recomendada para maiores de 16 anos, por conter vocabulário inapropriado e interpretações um pouco “adultas” quanto ao tema do disco em questão. Sei que isso não é muito comum aqui nessa coluna, mas é meu papel avisar. Então… Estão avisados.

Já há alguns anos, quando comecei a escutar K-Pop, pude perceber quão diferentes podem ser as temáticas abordadas por cada grupo ou artista. Com os caras, há desde androginia nas bandas a grupos que emitem uma personalidade mais pro lado Bad Boy – o BIG BANG, por exemplo, tem ambos os arquétipos em seus componentes.

Já nos femininos, temos alguns com garotas mais “fofas”, até infantilizadas, assim como garotas mais sensuais e, as mais difíceis de proporcionar originalidade: as moderninhas.

Dentro desse último contexto citado, para mim, é nítido o quanto a banda F(x) acaba por dominar o cenário proposto. Ao conseguir enquadrar a imagem física e artes de capas e MVs com a sonoridade eletrônica tão sonhada, inúmeros bons trabalhos podem ser pescados de sua discografia, como os divertidos Pinocchio ( ou Hot Summer ) e NU ABO, o ótimo Electric Shock e o icônico Pink Tape – que considero como melhor álbum coreano de 2013.

Sempre indo por uma veia mais “safadinha” nas letras, nesse comeback, o quinteto resolveu mergulhar ainda mais nessa pegada adulta e sexual. Red Light é, até agora, o lançamento mais sujo ( no bom sentido ) de um girl group asiático.

Começando com a faixa título, que detêm uma sonoridade eletrônica agressivíssima, com diferenças de andamento e um videoclipe igualmente forte, fazendo referência ao filme Kill Bill. O mesmo para Spit It Out e Boom Bang Boom. Ambas sobre a falta de paciências para relações amorosas e sexuais que duram apenas uma noite, tendo na última um estilo até meio cômico na forma como as palavras são ditas. Algo assustadoramente grudento e bom.

Tal vertente eletrônica até continua na canção seguinte, Milk, mas de uma forma diferenciada, com texturas mais simples e remetendo a dinamismos etnológicos que funcionaram muito bem com a interpretação vocal contida das meninas. Já a letra fala de, bom, acreditem… Sexo oral.

E em Butterfly, uma música fantasticamente hipnotizante, há toda uma construção feita de modo que pareça ser old school, quase como se estivéssemos numa fase de um jogo num fliperama. E metaforizar a vagina como uma borboleta foi uma jogada de mestre.

Mesmo que as batidas trap no início de Rainbown possam soar exageradas, elas servem de contraponto ao vocal mais descontraído no refrão. De qualquer forma, acaba ornando com a canção ser sobre amar de tal forma que pareça estar sob efeito de drogas.

Há também a feliz utilização do tão adotado estilo “Pop/Funk/Disco/Eletrônico” nas deliciosas All Night e Vacance. A primeira, super retro, nos faz ter vontade de dançar com os pedidos de uma noite inteira de sexo. Já a próxima, menos onanista, acaba por se somar a anterior, contendo tudo de bom que um hit pop necessita. Bom suingue, alto astral…

O fato de Dracula ter acabado sendo uma das favoritas entre os fãs é totalmente justificável. Há uma aura old pop muito bacana, com metáforas intrigantes, efeitos sombrios divertidos e harmonias surpreendentes.

Infelizmente, nem tudo acabou saindo como perfeito no resultado final do álbum. Summer Love e Paper Heart, as duas que encerram o trabalho, se afogam numa zona musical confortável e nada característica para o conceito trazido anteriormente. Se assimilam mais a gravações de vencedores de realitys shows musicais genéricos mundo afora…

Ainda assim, novamente, as meninas do F(x) conseguiram acrescentar muita personalidade ao mercado musical sul coreano. Adoraria mais apresentações ao vivo, promoções do CD mundo a fora e, vá lá, que os bons resultados as trouxessem para um show aqui no Brasil.

Um pena uma das integrantes, a Sulli, ter necessitado se afastar por motivos pessoais de saúde, levando ao cancelamento das divulgações. Espero que, caso ela saia de maneira definitiva, isso não afete na qualidade dos próximos trabalhos da banda.