“Para mim, ter ideias novas e transformá-las em produtos reais foi sempre tão natural quanto respirar!”

(Ralph Baer em Videogames: In the beginning, 2005)

Pessoas, infelizmente é Game Over para o pai dos videogames, pois há exatamente uma semana, no dia 6 de dezembro, faleceu Ralph Baer com 92 anos. A notícia foi anunciada pelo jornal "The New York Times", contudo as causas da morte ainda são desconhecidas.

Como não podíamos deixar esse acontecimento passar despercebido, a WOG irá prestar sua homenagem deixando para todos vocês as grandes contribuições daquele que é conhecido por ser o primeiro homem a criar um console.

Ralph H. Baer era um engenheiro americano, porém de origem alemã, nascido no dia 8 de março de 1922 na Alemanha. Após ter migrado para os Estados Unidos, Baer passou por diversos empregos até conseguir, nos anos 60, ser contratado para uma indústria de eletrônicos com a função de criar um novo aparelho de televisão.

Para tanto ele não desejava inventar algo que se limitasse apenas em uma programação para se assistir, Ralph queria que a televisão também tivesse recursos em que os usuários também pudessem interagir e que fosse compatível com as televisões da década de 60.

Então na empresa Sanders Associates, aos poucos, foi surgindo o que mais tarde se tornaria o primeiro console doméstico comercializado da história: o Brown Box (caixa marrom). Em 1967 foi criado um protótipo que ganhou patente em 1968 e se tornou realmente funcional no ano de 1969.

Sua ideia consistia em utilizar, para o jogo, televisões e não computadores. O protótipo seria uma pequena caixa que iria nos permitir jogar em várias TVs, contudo obviamente, ele não desenvolveu sozinho, pois dois técnicos disponibilizados pela empresa o auxiliaram nesse grande feito.

Após essa grande invenção, a Magnavox percebeu o grande potencial do console e comprou o Brown Box, licenciando-o para ser comercializado com sua marca. Em 1972 passou a ser vendido pelo nome de Magnavox Odyssey e já em seu primeiro ano foram vendidas mais de 130 mil unidades.

A ideia que surgiu em um momento inesperado (enquanto espera seu colega em uma estação de ônibus) deu a Baer a fama de “pai dos videogames” e rendeu vários milhões de dólares. Aparentemente o console não possuía nada demais, era apenas uma caixa marrom que tinha em sua frente vários botões que poderiam até dar uma falsa visão de vários tipos de jogos.

Sem suporte para cartuchos, a caixa apenas tinha a função para abrir e fechar seus circuitos para fazer surgir diversas telas para o usuário. Seus controles eram caixas de mesmo material que em seus botões fazia movimentações horizontalmente, verticalmente e diagonalmente. Era tudo muito simples, nem processador tinha.

Além do Odyssey, que foi considerado a base para os videogames de hoje, Ralph Baer também foi o inventor de Genius (também chamado de Simon), um jogo popular surgido no ano de 1978 e que, por ter sido considerado um ícone da cultura pop, ainda pode ser encontrado em várias lojas com réplicas muito melhoradas.

O Genius é um jogo eletrônico em que você precisa repetir a ordem em que suas luzes coloridas piscam (abaixo veja uma foto da exposição do jogo pela Abrinq no shopping Market Place, em São Paulo).

Desde então foram surgindo diversos jogos como o Tennis e o Pong, este que se tornou mais conhecido que o primeiro gerou muita polêmica e processos. Pong foi desenvolvido pela Atari e, por ser muito semelhante ao Tennis, a Magnavox (juntamente com a Sanders Associates) assimilou como violação de patente e, em 1974, processaram a Atari em US$ 700 mil.

Sem deixar de citar o foco dessa matéria, Baer também aparece com testemunha em muitos dos casos em que as empresas processam várias outras por violações ao Odyssey, sua patente.

Ralph Baer, no ano de 2006, recebeu a Medalha Nacional de Tecnologia das próprias mãos do então presidente, George W. Bush. Em 2008 e 2010, respectivamente, foi homenageado como pioneiro com um prêmio na conferência Game Developers e nomeado para o hall da fama do National Inventors.

A partir do Odyssey, pela Magnavox, foram surgindo versões como Odyssey 100 , Odyssey 2 e brinquedos eletrônicos como Laser Command, Maniac e Computer Perfection.

Ralph H. Baer deixa três filhos (dois homens e uma mulher) e quatro netos. Sua esposa, Dena Whinston, é falecida desde 2006. Além do Odyssey, ele também tem uma lista de várias outras invenções que você pode conferir aqui (site em inglês), 150 patentes registradas em vários países e uma autobiografia intitulada de Videogames: In the Beginning.

A Brown Box (ou Odyssey) já passou por várias exposições em museus e locais relacionados à tecnologia e videogames, muitos deles vocês podem conferir aqui.

Antes de finalizamos vamos para algumas curiosidades:

Não foi a Magnavox que procurou Baer para lançar sua invenção, mas sim o próprio que saiu à procura de várias companhias para que o Brown Box virasse um produto de verdade. Uma pena para a RCA que não levou adiante a proposta de Ralph, eles devem ter se arrependido amargamente.

Outro fato que também não sabemos é que o Odyssey chegou aqui no Brasil apenas no final da década de 70, porém conhecido como Telejogo e fabricado pelas empresas Ford e Philco.

Confira abaixo alguns vídeos para finalizar essa homenagem à Ralph Baer:

Testes com o Brown Box:


Comercial de TV do Odyssey:


Documentários sobre Ralph Baer (infelizmente ambos em inglês):